Os outros são os outros

quinta-feira, 31 de outubro de 2013


     "Me disseram que ele era talvez o homem mais bonito do mundo. Com aproximadamente 1,80m de altura e pele branca, talvez seu cheiro pudesse grudar no corpo de quem passasse por perto. Custei a acreditar que nessa vida houvesse alguém mais bonito do que Johnny Deep, Vin Diesel ou Richard Gere, tanto é que não acreditei. Foi difícil acreditar que alguém pudesse ter um sorriso mais bonito do que o de Reynaldo Gianecchini ou um olhar mais penetrante que o de Chris Evans.
     Não acreditei quando me contaram. E demorei a acreditar quando te vi. Demorei a acreditar no tamanho da sua beleza enquanto não trocamos nenhuma palavra. 
     Você talvez não fosse perfeito fisicamente.
     Mas havia no seu rosto uma feição de menino-homem que se preocupa se eu já me alimentei hoje ou a velocidade com que eu dirijo meu carro. Seu sorriso -que me é intrigante, diga-se de passagem- , trazia consigo uma paz ímpar, que me fazia repensar sobre o quanto a vida havia sido generosa comigo por poder contemplar seus lábios se curvando pra cima todas as vezes que me via. Seu olhar me dizia coisas que jamais poderia (ou conseguiria) ouvir da boca de outro. E que rosto. E que sorriso. E que olhar.
     Um combo de puro amor, principalmente ao ver seus três principais elementos misturando-se dentro de mim ao receber o seu abraço. Mas não qualquer abraço. Não há inocência, mas também não há malícia. Não há tristeza.
     E depois de ter você, pude perceber que os outros tornaram-se apenas outros, e só.
     Não quero mais ouvir outras piadas e nem sentir outras fragrâncias. Não quero observar outro corte de cabelo. Não quero estar no banco do passageiro de outro carro. Não quero outra mão puxando pela minha. Não quero ver outros filmes que não os nossos. Não quero outras formas de se vestir, de andar, de viver. Não quero outro colo pra descansar.
     É você, desde o primeiro olhar e até a última respiração."

Amanda Pacheco

No teu corpo eu fui chuva

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

     "São 02h47 e eu ainda não consegui dormir. Já comi, já li, já escrevi e nada me fez ter sono, nem mesmo a tevê ligada com o volume quase no zero que sempre me fazia adormecer. Já devo ter tomado uns quatro sachês de chá e nada, ainda. 
     Agora são 03h00 e a única coisa que eu consigo ver é você. Tudo o que eu comi foram as coisas que você gosta, tudo o que eu li foram os livros que você lê e tudo o que eu escrevi era relacionado a você. Até meus quatro sachês de chá eram da sua marca favorita. Será que você não poderia aparecer por aqui pra poder me esquentar nessa chuva tão forte que cai lá fora? Me sinto tão sozinha longe de você, que é como se cada gota de chuva que escorre lentamente pela janela do apartamento 117 do primeiro andar pudesse materializar-lhe. E assim mesmo, acompanhando as gotas da chuva e tomando um chocolate quente com canela, eu vou ligar pra você pra dizer o quanto você me faz falta e o quanto queria te ter aqui, pertinho de mim, para poder recostar-me sobre seu peito nu aquecido pelos meus cabelos desgrenhados de tanto você passar a mão. 
     Queria ter você aqui pra poder sentir aquele abraço que por uns segundos me faz ver o mundo parar. Queria seu cheiro grudado nos meus braços porque eu não consegui largar você um segundo desde que você apareceu. Queria você aqui para eu reclamar dos chocolates que você trouxe. 
     E eu liguei. E chorei no mesmo momento que ouvi sua voz aveludada dizendo-me que não poderia mais estar aqui. Chorei que nem criança, mesmo, porque isso não poderia ser possível. O que seria de mim agora, nessa madrugada longa e fria. Quem ia ser o herói que mata as baratas e salva o meu dia? Eu chorei por pensar em você só, nunca quis te ver solitário, e nunca quis que você fosse de mais ninguém.
     A melhor parte da madrugada foi ver que você mais uma vez me fez chorar em vão, porque são exatas 04h23 minutos e a maçaneta da porta se mexeu enquanto eu estava afogada nos travesseiros assistindo aquelas comédias românticas que você julga serem uma besteira. Nem reparei que você tirou os chinelos quando entrou (o que eu sempre mando você fazer e nunca faz), porque eu estava muito ocupada tentando decifrar seu sorriso segurando uma barra do nosso chocolate preferido. Não sabia se eu queria abraçar-lhe ou matar-lhe, ou se na verdade queria matar-lhe de abraços. Só consegui puxa-lo pela camisa e beijar-lhe com a saudade que estava me sufocando. 
     Como foi bom sentir sua mão me abraçando e acalmando a tempestade que havia em mim, como foi bom sentir a sua respiração atravessando o meu pescoço. Agora a chuva é só do lado de fora, porque no teu corpo eu fui chuva, que foi um ótimo jeito de me encontrar, de me deixar viver."

Amanda Pacheco

Admiradora profissional

sábado, 5 de outubro de 2013

     "Não te direi quem sou porque não quero mesmo que você saiba. Talvez se você soubesse quem sou jamais continuasse a dar aquele sorriso torto todas as vezes que vê no display do celular a chamada da sua mãe, ou então você parasse de empurrar o cabelo pra cima quando se sente desconfortável com alguma situação.
     Posso dizer que ultimamente meu hobby é desvendar a cor exata dos seus olhos (ainda tenho dúvidas se é cor-de-mel ou apenas um castanho claro que quando recebe luz alta torna-se a mais perfeita vista). Posso dizer que ultimamente me contive em ficar observando apenas o movimento do lápis dançando pelos seus dedos quando você está com os fones ouvindo sua banda preferida. 
     Posso dizer que sim, sou uma admiradora profissional. Sua admiradora profissional. Digo-lhe até que sei o momento exato em que você vai falar como o dia está quente ou quando vai sair aquele jogo novo. Mas não é isso que eu observo todos os dias, sentada no mesmo lugar: eu me esforço em olhar sua alma e toda aquela simplicidade que você julga irrelevante quando alguém te elogia. Olho todas as vezes que você pega um item caído pelo chão e, não importa de quem seja, você devolve. Eu olho a maneira como seus lábios se movem e se estendem num sorriso (branco e alinhado) quando você dá bom dia as pessoas. Olho aqueles óculos que escondem um pouco do seu olhar repressivo ao ver alguém triste. Eu olho pra você e ouço sua voz suave e atraente me dizendo sobre o que eu devo fazer.
     Não, não é amor. Jamais será amor. Acredito que seja mesmo admiração, no fim das contas. Porque se fosse amor você já teria descoberto minha identidade, se fosse amor eu não estaria contente ao ver você sorrir. Se fosse amor eu faria de você o mais lindo do mundo. Como se precisasse transformar você no mais lindo do mundo, que bobagem, esse posto já é seu! Como não pude perceber antes? Seu cabelo castanho combina com seus olhos castanhos e com sua boca estendida num sorriso branco e alinhado e a pele levemente morena. Você é perfeito! Talvez não seja pra outras pessoas, e quem se importa? Eu o tornei perfeito. Perfeito pra mim.
     A quem eu quero enganar, mesmo? Eu te amo desde a primeira vez que ouvi sua voz pronunciando meu nome. Amo desde o seu físico até o seu maior medo. Te amo em todas as horas que você viver. E continuarei te admirando com o passar do tempo. E não me importo se você tiver outra pessoa, juro. Quero apenas sempre ver seus lábios se estendendo um branco e alinhado sorriso.
     Mas eu não te direi quem sou porque não quero mesmo que você saiba..."

Amanda Pacheco






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