Sintonia perfeita

sexta-feira, 27 de julho de 2012

"Era perturbadora a forma como se olhavam. Aqueles dois tinham uma química que só Deus explicaria (pasmem, mas nem eles conseguiam tal feito). Eram um encaixe perfeito. Se entendiam, se amavam, se completavam. Era um casal que dava inveja a qualquer solteirona e raiva aos amigos dele. Pareciam casal de filme, sem brincadeira. Era impressionante a forma como os dedos dela se encaixavam na nuca dele enquanto ele se preocupava com o comprimento do seu vestido. Não briguem comigo, mas eu era capaz de perder horas do meu dia observando a sintonia dos dois. Era hipnotizante, não era possível que aqueles dois não tivessem um defeito sequer. Ninguém conseguia observá-los (ou imaginá-los) brigando. Eles dois eram intrigantes e eu, sinceramente, poderia escrever minha tese de doutorado sobre aquela química perfeita. Ele a entendia apenas com uma troca de olhares e ela era comandada pelos sentimentos dele. Não conseguiam passar um dia sem se ver. Divinamente impressionante. Eu soube que os dois eram assim em casa também. Boatos dizem que nunca (nunquinha!) brigavam. Eu me desesperava em meio a tanta perfeição. Não era possível que em meio àquele mar-de-rosas (literalmente) não houvesse um espinho. E não havia, por mais que eu procurasse. Eu passei muito temo da minha vida preocupada em desvendar o segredo que supostamente havia através daquele olhar terno que ele a olhava. Queria saber o que aquela piscadela dela significava (além do óbvio, claro). Por favor, não pense que eu os seguia, não sou uma psicopata. Eles eram meus vizinhos e eu dedicava horas do meu dia os olhando enquanto se preocupavam com o banho do cachorro. Eles sabem o quanto eu os admirava (e de uma boa forma, os invejava). Sempre tinha aquela vontade de perguntar qual o segredo, mas eu sabia que nunca descobriria, porque nem os próprios sabiam. Então continuava a observar como ela cuidava dele. Lhe dava todo o carinho do mundo. Na verdade, ela o tratava como se ele fosse o seu mundo. E eu acredito que era mesmo. Eu já disse a vocês, eles se encaixavam. Até a forma como beijavam era diferente daquelas convencionais. Era um beijo só deles e que ninguém mais conseguia imitar. Era divertido ver a surpresa no olhar dela quando inesperadamente ganhava um buquê. Eles eram muito fofos, eram perfeitos juntos e individualmente. Ela, além de uma clara apaixonada, adorava cuidar do jardim e das crianças, além de ser um amor de pessoa. Ele, por sua vez, era um ótimo vizinho. Sempre sorria pra todo mundo. Acho que enfim descobri o segredo. Era felizes consigo mesmos, não esperavam do outro o que podiam encontrar em si. O outro apenas completava, fazia mais feliz. Era só isso que os fazia ter aquela sintonia perfeita que já durava anos. Era juntos consigo e mutuamente. Se não estavam confortáveis com uma situação,  eram claros em relação a isso. E era o que fazia tudo dar certo como se fosse mágica. Eram um modelo para todos ao redor (e pra eles, o redor nem existia no momento em que ela ajeitava a gravata dele antes de saírem). Eram únicos e per(feitos) um para o outro."


Amanda Pacheco

Amigo apaixonado

domingo, 15 de julho de 2012

"Não quero mais pensar em você. Não quero mais ouvir sua voz ou imaginar o que você está fazendo. Não quero mais ter notícias suas, não quero mais ver suas fotos, não quero mais ser apaixonado por você. Mas (infelizmente) querer não é poder, eu não consigo. Há muitos anos atrás aconteceu o que eu menos queria que acontecesse. Em meio a nossa amizade, eu reparei no seu olhar de uma forma diferente. Eu reparei que não bastava pra mim estar ao seu lado apenas no papel de amigo. Precisava ter sua atenção de uma forma especial. Cada vez que a gente se encontrava parecia que o meu coração ia sair pela boca. Mas meu coração chorava porque eu sabia que o que eu sentia por você não tinha reciprocidade. Eu sofri, admito, sofri tanto que me senti obrigada a me afastar. Então eu viajei sem motivo aparente e viajei sem data de volta. Viajei sem dar maiores explicações; de um jeito ou de outro eu ia ter que te tirar da minha cabeça, e como diria Dorgival Dantas "eu posso até ficar longe de ti, mas perto eu não aguento". E foi o que eu fiz, viajei pra me livrar do fantasma que era o amor que eu sentia. Nesse período em que estive longe, pude provar novos sabores e me aventurar em novas experiências, conhecer novas pessoas e acreditar que o que eu sentia por você havia apagado (eu achei que a distância tinha me dado esse presente). Acho que você deve pensar que sou louco por ter sumido e por não ter respondido seus e-mails, mas era o jeito. Eu não queria nenhum contato, então desculpe. Quando eu finalmente tinha a certeza de que havia lhe esquecido, eu voltei. Voltei seguro e morrendo de saudade, de amigo, claro. Logo que cheguei e dei notícias de vida, você quase me matou (como esperado). Mas daí eu percebi que todo o tempo que eu passei longe foi por água abaixo quando nos reencontramos. Você estava tão mais... Linda, tão minha. Morri de ciúmes pensando que outras pessoas possam ter te beijado enquanto estive longe. Esse sentimento não havia morrido mesmo. Não adianta ir contra algo que foi destinado a acontecer (por mais absurda que tal coisa seja). Eu, no fundo, não consegui esquecer seu olhar marcante e o seu sorriso que só fez me cativar. Acho que o que eu sinto por você não é qualquer amor. É o amor soberano, o amor platônico. Aquele amor que é baseado na espera. E no cuidado. E no querer pra si. É isso o que eu sinto por você: uma vontade enorme de te manter em meu abraço pela eternidade. Eu na verdade já sabia que tentar te esquecer seria em vão. Todo esse tempo eu pensei em você e sabia que não tinha como te esquecer. Ter você pra mim vai ser uma vontade que vou ter pra sempre."


Amanda Pacheco

E essa indecisão

quinta-feira, 12 de julho de 2012

"Tudo estava errado e eu tinha plena consciência de que minhas ações estavam me arriscando. Mas eu estava amando ter, com você, aquela vida de aventuras que jamais havia enfrentado. Era encantador o modo que eu conseguia ser eu mesma ao seu lado. Você me libertava de todos os medos e quando estávamos juntos o que importava de verdade era apenas o que nós dois estávamos sentindo. Vivemos muita coisa boa juntos. Nunca vou esquecer dos nossos "encontros escondidos" ou de quando eu finjo que tenho o dobro da minha idade pra que as pessoas nos achassem "compatíveis". Não daria pra esquecer, nem que eu quisesse. Mas como toda história tem um vilão, a nossa teve vários. A sociedade. Achavam que você era velho demais pra mim e -principalmente meus pais- desaprovavam qualquer tipo de relacionamento. Me encontrava em uma clássica e famosa sinuca de bico. Eu tinha em minhas mãos a perfeição em forma de companheiro, mas em contrapartida eu tinha quem mais eu amava contra mim. Era difícil pensar em me afastar de alguém que me deixava tão bem, tão em paz comigo mesma. Mas era absurdamente impossível pensar em enfrentar as pessoas que me ensinaram a ser quem eu sou hoje. A partir daí, comecei a ficar numa indecisão suprema. Eu queria, mas não podia. Eu não aguentava mais passar um dia sem te ver, sem receber teus carinhos, teus beijos. Eu já não conseguia mais disfarçar minha necessidade de você. Meus pais já começavam a notar que eu saia pra te ver. Eu sempre voltava mais feliz. E agora, eu continuo nessa indecisão e nessa adrenalina de um romance proibido. Mas uma hora eu tinha que tomar minha decisão. E tomei. Me desculpe, mas não dá pra continuar assim. Ou eu terei que me dispor com a sociedade, ou terei que me dispor com você. Então me diga, o que eu faço agora? Eu não aguento mais esse sofrimento, e certa vez você me disse que amor de verdade não faz sofrer, não é? Me desculpe de novo, mas infelizmente vamos ter que ficar na memória um do outro. E que fiquem registrado apenas os bons momentos, aqueles que nos fizeram bem. Que fique registrado nossos beijos proibidos e nossos abraços inacabáveis. Que fique registrada nossa primeira troca de olhares. Que todos os momentos bons sirvam para amenizar a dor e a saudade. E, por fim, que sejamos lembrados um pelo outro como um projeto de sucesso, que não precisa de mais ninguém pra dar certo. Pelo menos vai ser assim que eu lembrarei de você."


Amanda Pacheco

Doce imaginação

sexta-feira, 6 de julho de 2012

"Eu nunca pensei bem em uma saída pros meus pensamentos canalizados em você. Não sei, eu nunca consigo pensar em outra coisa quando meu cérebro começa a processar todas as informações sobre você. E o pior, eu começo a gostar e a imaginar cada vez mais coisas quando tais pensamentos me atingem, é uma espécie de autoterapia por não te ter aqui, ao meu lado, as 24h do dia. Eu começo a desvendar pseudo-segredos e a inventar pseudo-diálogos que talvez nem aconteçam. É mesmo uma autoterapia, eu queria ter você ao meu lado cada segundo, mas infelizmente não o tenho e não posso tê-lo agora e também nem sei se terei um dia, então resguardo-me a imaginar como seria nossa vida a dois (uma longa vida, diga-se de passagem), imagino nós dois numa praia deserta em silêncio a observar o slow motion natural das ondas e imagino nós dois andando de mãos dadas sem rumo. Imagino nós dois em um beijo que dura para sempre e imagino que a gente foi feliz, é feliz e vai ser feliz por muito, mas muito tempo. Imagino nós dois numa disputa de casal pra escolher qual o filme que vai ser assistido e imagino que você vai me deixar ganhar. Eu consigo até imaginar a sua expressão enquanto eu digo que venci. Eu jamais conseguiria seguir meus dias sem pensar no que você está fazendo ou naquele seu jeito intrigante de dizer que meu vestido é lindo (ironicamente ou não). Eu não sei pensar em não ter você, quer dizer, todo aquele teatrinho de ciúme já me têm por completo! Eu gosto de ver você nessa sua autenticidade de querer que eu seja só sua. Eu gosto de imaginar isso. Posso parecer louca, mas as vezes eu até sinto sua mão lisa tocando meu rosto e seu abraço apertado esquentando meus braços frios. Essa é a minha maneira de indiretamente ser sua. E quando nos encontramos, de verdade, eu volto a lembrar de toda a minha imaginação e sorrio, fazendo você pensar que eu talvez seja mesmo louca. E se eu for? Que mal há em ser louca de amor nos dias em que a loucura serve apenas para matar as pessoas? Sou louca mesmo, louquinha de pedra, mas minha loucura só mataria você, e de beijo, abraço, carinho, afeto. Sinceramente? Sou uma vitoriosa por não te agarrar toda vez que te vejo, porque se tudo ocorresse como eu imagino, acho que hoje você já teria a plena certeza da minha insanidade. Enquanto meus sonhos não viram realidade, continuo sonhando e rezando muito pra que um dia tudo dê certo. Adoro quando as coisas dão certo porque eu adoro finais felizes, mesmo sabendo que em grande parte dos casos, eles não existem. Eu adoro um surrealismo. Sei lá, olhar pro céu e acreditar que tem alguém fazendo o mesmo em um lugar do mundo pra mim é incrivelmente fantástico, sou uma sonhadora de primeira! Gosto de acreditar no impossível e gosto de utopizar as coisas. Assim como eu e você no momento, algo utópico, surreal, imaginário. Mas por favor, não pense que eu te quero apenas em imaginação, eu quero você no real, em carne e osso. Minha imaginação (como eu já havia dito anteriormente), é apenas uma autoterapia, já que eu não posso ter você. Eu prefiro continuar imaginando e quase te tendo, do que ficar maquinando a sua ausência. Odeio ser vazia de você. Te quero por completo, não me contento com metades, meios termos e meias verdades. Gosto das coisas na veracidade e intensidade no nível máximo, assim como gosto de você, por inteiro, dentro e fora da minha imaginação."



Amanda Pacheco






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