Eu te amo calada

quarta-feira, 28 de março de 2012

"E amo mesmo, sem restrição. Amo como quem ama o amor, com todas as prescrições e emoções. Amo te amar, amo cada milímetro do seu corpo, seu cabelo; seu sorriso. Amo todos aqueles momentos em que estamos, a sós, abraçados como se não houvesse mais nada ao redor. Eu amo seus conselhos, consentimentos e ressentimentos. Amo sua raiva e sua paz. Mas te amo em silêncio, como quem espera sua iniciativa. Te amo com medo, com um medo tremendo de perder tudo o que eu conquistei contigo. Tua amizade pra mim é mais do que tudo. E é isso que faz doer, mas uma dor que eu sou capaz de aguentar pra não ter que viver sem ti, afinal, não imagino minha vida sem você. Então prefiro te amar calada, em silêncio, só te ouvindo, te curtindo, vendo você sorrir. E fico na torcida pra que esse sorriso tente dizer as mesmas coisas que eu penso. Torço pra que nenhuma garota consiga ter esse sorriso. Te amo calada, mas te amo com todos os seus defeitos e conceitos e preceitos e acertos. E ouço nossas músicas, leio nossos livros, vejo nossos filmes, na espera de um dia poder dizer que são pra você. Meus melhores sorrisos, minhas melhores palavras, meus mais sinceros pensamentos. E me arrependo por não ter dito isso antes, enquanto havia tempo e não havia amizade. E agora só me resta te curtir e te esperar e te amar no silêncio de quem espera a primeira palavra a ser pronunciada. E vou curtindo, e vou sentindo, e vou vivendo, até o dia de não aguentar mais e ser obrigada a falar. "Eu te amo calada, como quem houve uma sinfonia de silêncio e de luz". E nessa sinfonia, vou ouvindo tua voz e imaginando cada gesto teu quando nossos olhos se encontram."


Amanda Pacheco

Não era pra ser...

terça-feira, 27 de março de 2012

"Eu não vou dizer que te odeio ou que tenho nojo de você. Eu apenas cansei. De me desgastar, de correr atrás de alguém que -de certo modo- me destruiu. Eu cansei de te dar chances e mais chances com a promessa de que tudo seria melhor. E nunca era. As segundas e terceiras chances só serviam para que eu chorrasse todas as essas vezes. Mas como toda apaixonada, eu continuei dando chances e mais chances. Até que esgotou. Não consegui mais me acostumar com a situação de ter que dar-me novas esperanças. Você sempre fazia novas promessas e eu -tola e cheia de amor- sempre acreditei. Mas eu não quero aqui minha raiva. Hoje eu quero falar sobre um sentimento tão chato que é a mágoa. É um sentimento triste, sabe? Você não deve ter sentido isso porque você que magoou, na maioria das vezes. Mas, quando sentir, pode ter certeza que saberá e entenderá todos os meus motivos para não te aceitar de volta. Porque quem ama espera que tudo seja diferente. As atitudes, os gestos, os carinhos. E eu acreditei, sinceramente que tudo seria diferente -e realmente foi, no começo-. Mas hoje eu percebo que acostumei-me e prometi-me que nem todo o sentimento, por maior que seja, merece tantas chances e tantas mágoas. Sentimento verdadeiro não dói, não. É tão forte quanto a sensação de voar. Não vou negar que penso em você cada instante do dia que passa, mas -por pior que fique meu coração- não vou ceder."


Amanda Pacheco

Cura? Você tá por ai?

domingo, 18 de março de 2012


"Quem tem a cura? A cura pro amor, pra dúvida, pro conflito interno. Não que isso seja doença, mas precisa de cura. Dói, sabe? Querer e não querer algo ao mesmo tempo é algo que destrói. Como quem não espera mais nada da vida, eu preciso ser feliz. Preciso de um alguém que me faz tão bem e preciso agora! Preciso dos carinhos, das palavras, dos abraços. Eu preciso tanto desse alguém que chega a ser inconveniência. Mas vou me manter em silêncio já que a dúvida paira sobre mim. Será que vamos dar certo? Será que é essa a vida que eu quero agora? Será que ele me quer numa proporção igual? São eternas dúvidas que eu só saberei se me entregar... Mas até que ponto vale a pena? Não sei se quero cair de cara nesse relacionamento. E é por isso que eu almejo a cura. Quero conseguir estar livre e sem nenhum tipo de peso na consciência ou arrependimento por ter feito a escolha errada. Será que tem cura pra isso? Quer dizer, não quero deixar de amar, o que eu quero é amar a pessoa certa. Sem dor, sem rancor... Só quero viver, com o coração acelerado, com o peito estufado e com ele ao meu lado. Nem que pra isso eu tenha que passar por toda essa dúvida de "valer ou não a pena". Eu preciso parar com isso, preciso tomar um tento na vida e preciso de alguém que me diga "deixe de ser idiota!". A vida tá passando e eu tô aqui! Em dúvida se vou ou não levar isso pra frente. Acho que vou procurar a cura só... Vou jogar o cabelo, abraçar os amigos e esperar que o tempo dê a resposta, afinal, quer professor melhor que esse? Que ensina a hora certa de errar e acertar, de amar, perdoar, de aceitar. Então é isso, vou dar tempo ao tempo e esperar que esse grande mestre me dê a cura pra todas as minhas incertezas. Enquanto isso, vou ficar repetindo "vai dar certo, vai dar certo, vai dar certo" até que dê certo mesmo, já que as palavras têm poder."


Amanda Pacheco

Ser mulher

sábado, 17 de março de 2012

"Ser mulher é uma coisa... Divertida. Brincar com o corpo, a alma e o coração é uma coisa muito diferente. É como se a gente pudesse se jogar no mundo e qualquer pessoa pudesse amparar. Mas é que mulher é mesmo bicho estranho, né? Cheia de manias, cheia de contradições... Mulher é mesmo bicho estranho... Gosta e não admite, briga querendo elogiar, odeia querendo amar, bate querendo beijar, sorri querendo chorar, empurra querendo abraçar. Mulher aguenta salto 15, saia apertada, uma bolsa pesada, coração despedaçado. Mulher aguenta ciúme, aguenta tristeza, aguenta a "amiga" do namorado e ainda sai sorrindo. Mulher é orgulhosa, é dedicada, é maravilhosa. Mulher cuida de marido, filho, casa, trabalho e ainda tem tempo pra si. É clichê falar do processo mensal da menstruação, mas sempre vale a pena. Mulher sente uma dor tremenda chamada cólica, sangra por sete dias e ainda é capaz de sorrir. Mulher ama mais, chora mais, se desgasta mais, mas também aproveita mais... É difícil ser mulher, é difícil dar conta de tudo, mas com o tempo dá pra se acostumar, afinal fomos feitas pra isso mesmo. Pra ser superior... Mas é a mulher que pode chorar na frente de todo mundo, pode cruzar as pernas, pode usar uma camisa rosa cheia de glitter, pode dançar rebolando tranquilamente e pode tirar foto fazendo bico sem ser recriminada. Mas mulher é mesmo bicho estranho, né? Se apaixonada unilateralmente várias vezes, chora por isso e ainda assim consegue segurar a dor pra acudir uma amiga. Mulher briga consigo mesma, mulher conquista o que quer e como quer. Mulher tem jogo de cintura, sabe lidar com os piores pesadelos e os maiores sonhos. É a mulher que recebe as flores, os pedidos e o namorado em casa. A mulher que passa na frente, tem a porta do carro aberta e a do coração também. Mulher é mesmo um bicho estranho. Mas tenho certeza que é indispensável pro mundo."


Amanda Pacheco

A vida em 'slow'

sexta-feira, 9 de março de 2012

"Nem a encrenqueira Jabulani, nem o performático Maradona, nem a justa vibração espanhola. O que mais atraiu minha atenção na Copa que passou (e não se fala mais nisso, prometo) foram as cenas em slow motion. Aliás, very slow, passando a sensação de que a vida pode ser delicada em qualquer circunstância. Até mesmo o atrito violento entre os corpos ganhava suavidade e nada parecia doer. Nada. Não há quem não se deslumbre com imagens repousantes nesse mundo que, quando em rotação normal, é frenético demais.
Sempre fui fascinada por cenas em câmera lenta, principalmente quando utilizada para buscar poesia onde nem pressupomos que ela exista. Em cenas de guerra, por exemplo. Lembro de um filme que mostrava em slow os soldados sendo atingidos por granadas, voando junto com os estilhaços ao som de rock pesado. Brutalidade embrulhada em papel de seda. Clichê ou não, funciona.
Tanto funciona que ficamos naturalmente fascinados pelas poucas coisas da vida que são slow ao natural, a olho nu. Você já reparou?
Ondas, por exemplo, jamais são apressadas. Elas se formam com vagar, como se soubessem que participam de um espetáculo, e depois quebram demoradamente, fechando-se em si mesmas, femininas, recatadas, soltando sua espuma e suas gotas em uma coreografia ensaiada que sempre extasia. Na beira da praia ou em alto mar, em dia de calmaria e mesmo em dia de fúria, as águas nunca são aceleradas, elas sabem que são donas de um raro efeito especial.
A mesma coisa com transporte aéreo. A cidade pode estar em velocidade máxima, os carros zunindo pela avenida, pessoas correndo de um lado para o outro nas ruas, e então surge aquela espaçonave branca atravessando o céu, decolando ou aterrissando, num ritmo tão lento que custamos a acreditar que consiga se manter no ar sem despencar. Não despencam. Nem disparam. Mantém-se em slow. Planam, como pássaros que também são.
As girafas não impressionam apenas pelo tamanho incomum do pescoço, mas porque caminham num molejo baiano, não acompanham o frenesi da selva, não possuem pressa para nada, são majestosamente demoradas, assim como os polvos, que ganharam surpreendente notoriedade esse ano.
Não ter urgência, meditar como um buda, praticar thai chi chuan. Me corrija se eu estiver errada: a paciência é o sentimento mais slow motion que existe.
O fogo da lareira, a chama da vela, a fumaça do cigarro, a tragada: a vida queima em marcha lenta.  
Os domingos caudalosos. O beijo apaixonado, deliciosamente arrastado... assim como as reticências...
E fim de brandura. O resto é vida veloz."
Martha Medeiros

Cento e cinquenta e(m) um.

sexta-feira, 2 de março de 2012



Vou tentar escrever anexar cento e cinquenta posts em um. No post cento e cinquenta e um. E então. Ri e chorei simultaneamente e compulsivamente. Desisti, persisti, insisti. Cresci, cresci sim, evolui, me construí. Por cento e cinquenta vezes eu pensei no amor. Direta ou indiretamente eu pensei em uma maneira de amar. Sem sofrer, sem me desesperar. Eu apenas queria amar da forma mais fofa possível. E, em alguns casos, eu consegui, sim. Eu consegui diferenciar bem os meus sentimentos, mas em compensação, nos outros casos eu misturei tudo e nessa louca mistura eu chorei. Chorei até que cessasse o estoque de lágrimas do meu corpo. A confusão é um sentimento muito estranho principalmente quando não há outro para curar a dor de uma mente confusa. E isso tudo me fez chorar e rir também, rir da loucura que é a vida. Grande loucura, não é? Viver eternamente sem ter a certeza de como será o amanhã... Eu também tentei falar sobre isso. Falei sobre alegrias, desavenças, sobre raiva e traição. Eu apertei o meu coração enquanto falava sobre isso, as vezes me faz mal ter que lembrar que foi sobre um "você" que eu escrevi. Eu apaixonei alguém e me apaixonei por esse mesmo alguém e troquei sentimentos intensos e mágoas intensas. Eu escrevi sobre os maiores amores da minha vida: meus pais. Eu aconselhei e esperei de dedos cruzados que seguissem meus conselhos. Eu reproduzi um texto de alguém que, de certa forma, me espelha. Eu rezei pra que o mesmo "você" que foi protagonista de grande parte das minhas escritas lesse - e entendesse - tudo o que eu o dediquei em meio a lágrimas, lembranças e laços afetivos. Eu dei primeiras chances, segundas chances, chances eternas. Eu recordei grandes amizades que se acabaram porque se transformaram em amor. Eu recordei grandes amores que agora não passam de bons amigos. Acima de tudo, eu me diverti. Eu ri horrores enquanto relatava fatos que haviam, um dia, me chateado. Eu superei amores que pareciam impossíveis. Eu me valorizei muito mais. Em cento e cinquenta vezes, eu cresci o equivalente a cento e cinquenta anos. Eu escrevi sobre a perda de uma pessoa que vai sempre valer mais do que mil diamantes pra mim. Eu falei sobre um dos mais bonitos e solidários sentimentos que existe: a amizade. Eu amei, amei, amei. Mas hoje, depois de cento e cinquenta vezes, eu vejo que o amor é um sentimento que sempre vai me surpreender. E eu continuo aprendendo, pra que venham mais cento e cinquenta e por ai vai...


Amanda Pacheco






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