"Tô bem. Tô bem, bem. Tô bem? Será que realmente eu estou bem? Indago-me constantemente se o que estou sentindo significa estar bem, e sigo nessa eterna inconstância de estar/não-estar. Parece até clichê, né? Estar com alguém e quando esse relacionamento finda, ficar em dúvida se você está bem consigo e mal com ele(a) ou vice-versa. Isso é, no mínimo, intrigante. Mas a vida segue e não quer saber se você tá bem ou mal, queridinho(a), ela simplesmente nos obriga a seguir adiante em quaisquer circunstâncias. E aconteceu comigo (como poderia ter acontecido com qualquer um), e eu naturalmente fui filtrando meus sentimentos e fui entrando no clichê do 'ficar bem'. Fui crescendo e reaparecendo em cada detalhe que o amor tinha me escondido. Nessa fase difícil, recebi conselhos do tipo "vai passar, você vai ver!", "logo logo você encontra outra pessoa", "fica tranquilo, isso passa!". Mas poxa, eu não quero que passe! Eu só queria uma pessoa aqui, apenas. Nada precisaria passar se ele estivesse aqui. O engraçado da história é que você recebe conselhos desse tipo mas sem nenhuma perspectiva de realização. Na maioria das vezes, conselhos-clichês resultam em frustração. Essa que não nos deixa dormir apenas por pensar em quando se tornarão realidade. Se tem alguém nesse mundo que sabe quando "vai passar", por favor, habilite-se a vir responder por toda uma nação. E, mais engraçado ainda, é que o mundo pede para que eu fique bem sabendo que a pessoa que me faz bem é a mesma que está me causando tristeza. Paradoxo? Talvez. Ou a palavra certa seja confuso. Não sei. A cura vem com o tempo, o bom estado de espírito também. Não precisa que ninguém fique mandando não. E agora, quando perguntam-me se estou bem, respondo com clareza "Tô bem!" mas será mesmo? Tô bem? Bem? Tô mesmo bem? Tô bem!"
Amanda Pacheco
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